Na caminhada contra o trabalho escravo


De olho para não virar escravo.

Entre os dias 06 e 08 de agosto de 2013 estiveram reunidos em Araguaína (TO) na Casa Dona Olinda, os 20 membros da Coordenação ampliada da Campanha CPT de combate ao Trabalho Escravo, “De Olho aberto para Não Virar Escravo”. A campanha é encampada pela CPT desde 1997 e desempenha seu papel de luta contra o trabalho escravo com a participação de 20 equipes da CPT espalhadas em oito estados.
Realizado a cada três meses, o encontro da Coordenação da Campanha, com todos os educadores e agentes envolvidos – inclusive do CDVDH e da RB[1] – constitui sempre um momento de análise da caminhada em cada regional, e um pensar os novos passos, com espaços de formação e reflexões sobre a problemática.
Contamos, também, com a presença da professora da UFRJ, Dra Adônia Antunes Prado, que compõe o grupo de pesquisa GPTEC[2], e do acadêmico do curso de Comunicação Social da UFMA, Antônio Paiva, ambos com pesquisas voltadas às ações da Campanha. A presença desses pesquisadores ajuda a fortalecer o nosso trabalho, envolvendo nele a Universidade, possibilitando maior visibilidade e acrescentando um caráter científico às demandas, dados e resultados produzidos.
Rogenir, representando a CRS (Catholic Relief Services), entidade apoiadora da Campanha, também esteve no encontro, trazendo para o grupo informações sobre os programas da entidade, e sobre o sistema de gestão de qualidade dos projetos em fase de implantação.
No decorrer do encontro, houve troca de experiência, identificando as ações inovadoras realizadas pelos educadores, e análise do andamento do plano da campanha e dos resultados alcançados. Foram abordados os problemas que ainda travam a erradicação do trabalho escravo no Brasil, gerando inclusive várias frustrações entre os agentes diante, por exemplo, do atendimento tardio às nossas denúncias pela fiscalização, enquanto vem sendo priorizados eventos e grandes obras, em desfavor da vida e do trabalho digno.
A Campanha da Fraternidade do ano de 2014 irá tratar da temática do Tráfico Humano, um termo que engloba o trabalho escravo e o tráfico de pessoas (este, às vezes, equivocadamente reduzido à questão da exploração da prostituição): essas realidades não podem ser vistas de forma dissociada, pois são a tradução moderna da escravidão, ou mercantilização completa da pessoa. Os agentes da Campanha se preparam realizando formação, elaborando oficinas e materiais para contribuir com dioceses, paróquias e comunidades de base no aprimoramento dos conhecimentos, para favorecer o debate e a tomada de iniciativas práticas de prevenção e combate à escravidão moderna presente em nosso meio. Na oportunidade, as equipes da Campanha se colocam à disposição das demais equipes para contribuir no que for necessário.
Conhecedores da dimensão dos problemas apresentados, mas alimentados pela certeza de que outro mundo é possível, livre de tráfico, de trabalho escravo, nós educadores e educadoras populares assumimos a missão de apoiar as lutas e ações de resistência e denúncia das pessoas e comunidades em situação ou risco de tráfico, sempre atentos à sua autonomia e protagonismo.
Partimos agora de volta para as comunidades, as escolas, as igrejas, os acampamentos, os assentamentos e onde mais houver apelo. Queremos mostrar que o enfrentamento e a erradicação de males como estes são possíveis, dependendo de uma ação conjunta, consciente e qualificada de toda a sociedade, bem como da mudança das estruturas de injustiça há tanto impostas pelo sistema. A luta contra a escravidão moderna no campo e a luta por uma reforma agrária ampla e verdadeira têm tudo a ver. Este é nosso compromisso.
Liliana Won Ancken, CPT-RO

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