25.000 trabalhadores das Usinas do Madeira em greve


Greve 2013 usinas do Madeira, Porto Velho. foto liga operária
Atualizado 19,29 h dia 03.04.2013.
Vinte e cinco mil trabalhadores das usinas hidrelétricas em Porto Velho entraram em greve geral nesta terça-feira. Os operários pedem 18% de reajuste sobre seus vencimentos brutos e a elevação dos valores da cesta básica, dos atuais R$ 270,00 para R$ 400,00. As negociações são parte do acordo coletivo de trabalho 2013/2014, com vigência a partir de 1 de maio de 2013 e foram iniciadas 60 dias antes do vencimento da data-base.

Os consórcios Energia Sustentável do Brasil (Jirau) e Santo Antônio Energia acenaram com aumento de 10% e elevação da cesta básica para R$ 310,00. Em assembleia-geral, os funcionários das construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrz, Suez Energy, Eletrosul, Chesf e do Grupo Industrial do Complexo Madeira, rejeitaram a contraproposta.

Vejam nota da Camargo Correa e nota da Liga Operária sobre a greve.

“Não haverá acordo com esses números apresentados pelas empresas. Vamos aguardar que os patrões nos chamem para nova negociação”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Raimundo Soares. O comunicado de greve será levado pelo sindicato aos funcionários da noite. Muitos trabalhadores tomaram carona nos veículos das empresas em direção a Porto velho (20 km desde Santo Antônio e 119 km desde a usina de Jirau).

Em nota, o Consórcio Construtor Santo Antônio diz confiar em entendimentos rápidos para a retomada imediata das obras. “Cumprimos rigorosamente a legislação trabalhista em vigor. Todas as propostas levadas pelo Sindicato para a aprovação dos trabalhadores foram concebidas após longo processo de negociação com o Sindicato, a fim de evitar greves”, diz a nota.

Autor : RONDONIAGORA Fonte : RONDONIAGORA


A nova greve nos canteiros de obras da usina de Jirau tem sido confirmada por nota da contrutora: 

"Construtora Camargo Corrêa, contratada pelo consórcio de Jirau para realização de obras civis, reafirma sua confiança em entendimentos que permitam a retomada mais breve possível dos trabalhos no canteiro de obras. Com o propósito de evitar paralisação das atividades, que trazem prejuízos a todas as partes, foi iniciado três meses antes da data base para renovação do acordo coletivo, marcada para Maio de 2013, amplo diálogo com os representantes da categoria, Sindicato e Comissão de Trabalhadores.

Apesar destes esforços a proposta levada à assembleia hoje (2/4) foi recusada e as atividades paralisadas em razão de uma greve por tempo indeterminado. Com objetivo de prosseguir com as negociações e retomar as rotinas de trabalho imediatamente a empresa solicitou à Justiça do Trabalho a intermediação com Dissídio Coletivo. O clima no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Jirau é de normalidade e as atividades essenciais estão mantidas".

fonte: assessoria

Vejam a nota divulgada pela Liga Operária sobre a greve:

Greve nas obras de Jirau e Santo Antônio:
Operários atropelam pelegos do Sticcero, polícia, governo e empreit

Os mais de 25 mil operários das obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio voltaram a entrar em greve a partir de ontem, dia 2 de abril de 2013, e jogaram por terra a manobra das empreiteiras/governo/pelegos de evitar a paralisação das atividades. Com os canteiros de obras sob ocupação policial, repressão da Força Nacional, PM, guarda patrimonial, agentes da polícia federal, Abin, etc., e sob o disfarce de “amplo diálogo” com os pelegos do Sticcero/Cut e “comissão de trabalhadores” indicados à dedo pelos departamentos de pessoal, as empreiteiras queriam continuar a impor goela abaixo, sem qualquer contestação, o arrocho salarial e as degradantes condições de trabalho.

Conforme a Camargo Corrêa revelou em nota, havia o “propósito de evitar a paralisação das atividades”. Através de negociações feitas às escondidas, iniciadas há três meses antes da data base, queriam renovar o lesivo acordo coletivo, assinado pelo Sticcero. Por conter várias lesões aos direitos dos operários, esse acordo é contestado também pelo Ministério Público do Trabalho, através de uma ação civil pública, onde é requerido o impedimento da diretoria do Sticcero negociar e de incluir em suas convenções coletivas, entre outras, a pactuação de jornada diária de 10 horas de trabalho ou mais, turnos de revezamento acima de 6 horas diárias, desconsideração da exigência de pagamento das “horas in itinere”, descontos compulsórios, etc..
Com a greve, os operários frustraram a manobra articulada pelo presidente da Conticom, Claudio da Silva Gomes, preposto do governo e pelego-chefe do obtuso Raimundo Toco, presidente figurativo do Sticcero, de aceitarem logo a proposta patronal, impondo, através da realização de uma assembleia relâmpago, a aprovação do acordo escuso, feito às escondidas por eles, sem a participação da massa de operários das obras das usinas.

O conluio das empreiteiras, Sticcero, Cut, governo e Fitrac (na pessoa do arquipelego da Força Sindical e chorão, Antonio Acácio do Amaral), espalham calúnias de estar em preparação “um plano para cometer vandalismo nas usinas”. O sr. Cláudio Gomes, agente do office-boy das empreiteiras, ministro Gilberto Carvalho, ardilosamente diz que “diferentemente dos anos anteriores, em que houve distúrbios e violência em pelo menos uma das obras, o clima deste ano é de relativa tranquilidade”.
Omitem que, durante os 26 dias da combativa greve do ano passado, os operários e a Comissão (esta sim, realmente escolhida pela massa de trabalhadores da Enesa e da Camargo Corrêa) resistiram a várias provocações das empreiteiras, como o corte do pagamento do vale salarial, anúncio da Camargo Corrêa e Odebrecht de demissões em massa pela televisão, violência da polícia e da guarda patrimonial, etc. Omitem que tentaram acabar com a greve sem o atendimento das justas reivindicações dos trabalhadores, que “a pedra caiu” no carro de som quando tentavam manipular as assembleias, impor votação por urna, etc., e trair os operários.

Omitem que depois de serem de novo apedrejados, no dia 2 de abril/2012, após o advogado do sindicato decretar, de forma unilateral, o fim da greve, e com a persistência da maioria dos trabalhadores em continuar com a paralisação pacifica, mesmo com a tropa ocupando a obra e oficiais da Força Nacional fazendo discursos pressionando pela volta ao trabalho; de forma estranha irrompe na madrugada do dia 3/4/12 um incêndio que atingiu apenas os alojamentos e pertences dos operários. Omitem que, nessa mesma madrugada, conforme relatos de diversos trabalhadores, durante a invasão policial para acabar com a greve, o operário amazonense Francisco Sousa Lima, pedreiro, foi espancado até a morte por policiais da Força Nacional. Em seguida, a Secretária de Segurança Pública divulgou ter sido por causa de “ataque cardíaco” e nada apuraram sobre o crime; como também não apuraram as torturas infligidas pela policia a outros trabalhadores dentro do canteiro de obras, como ocorreu com o operário Raimundo Braga da Cruz Sousa.

Omitem que a policia civil deflagrou a “operação Vulcano”, torturou e encarcerou operários no Presidio Pandinha por até 112 dias e que 12 operários continuam desaparecidos, com a possibilidade de também terem sido assassinados e outros estão sujeitos a arbitrário processo criminal que está em andamento. Omitem que depois do incêndio, milhares de trabalhadores foram demitidos por justa causa pelas empresas, com a total conivência do governo e da pelegada; inclusive membros de CIPA e da Comissão de Operários que estavam à frente da greve e que antes foram assediados pelo sr. Cláudio Gomes e outros elementos do Sticcero com propostas de suborno de R$ 25 mil para abandonar a greve. Na ocasião, neste vídeo, um operário denunciava o que ocorria no canteiro de obras de Jirau.

Não dizem uma vírgula sobre os interesses escusos da Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez, GDF-Suez, entre outras, de obter bilionários financiamentos e aditivos para as obras através dos fartos recursos públicos drenados dos cofres do BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, etc. Não dizem que se trava uma batalha judicial em torno do pagamento de seguro dos danos causados pelos incêndios na obra de Jirau em março de 2011, com valor estimado do prejuízo de R$ 400 milhões a R$ 1,5 bilhão. A seguradora se recusou a pagar a indenização. Para a SulAmérica (líder das seguradoras), o prejuízo não está coberto pelo seguro por ter sido causado pelos funcionários. Já a Camargo Corrêa e consórcio Energia Sustentável do Brasil, argumentam que os estragos foram criminosos, não teriam sido contidos pela polícia, e, por isso, devem ser arcados pela seguradora. A disputa também é se a arbitragem do valor bilionário será feita no Brasil ou em Londres.
São muito fortes as evidências que a própria Camargo Corrêa e a ESBR estão por trás do incêndio que destruiu os alojamentos, no dia 3 de abril/2012, como forma de caracterizar os eventos trabalhistas como ação criminosa de “bandidos e vândalos”, para reforçar a justificativa do pagamento do seguro, além de criar distúrbio para justificar o aumento da repressão sobre os trabalhadores e acabar com a greve.
Afinal, quem são os “bandidos e vândalos” senão as empreiteiras sanguessugas, suas hordas de capitães do mato e corja de políticos e pelegos!

Os operários relatam uma série de irregularidades nas obras:
- As degradantes condições de trabalho continuam causando mutilações e mortes, muitos acidentes de trabalho ficam escondidos pelas empresas. Muitos operários acidentados são levados para o Hospital João Paulo II (considerado um dos piores do Brasil) e lá deixados sem nenhuma assistência,

- Os acidentes ocorrem quase diariamente. A maioria dos acidentes ocorre por falta da instalação das obrigatórias medidas de proteção coletiva e da pressão dos encarregados que recebem ordens expressas da direção das empreiteiras para cumprir o cronograma de forma acelerada e sem tempo de averiguar as condições de segurança. Muitos operários são advertidos com um cartão vermelho chamado PPK 600 usado para intimidar e responsabilizar os operários em caso de acidente. Os operários que vão para o ambulatório são obrigados a assinar este cartão,

- O banco de horas da Camargo e demais empreiteiras tem resultado em muitas reclamações, pois, não acertam as horas extras direito,
- Operários são maltratados pelas chefias e obrigados a trabalhar na chuva,

- Em Jirau, em fevereiro, a guarda patrimonial (feita pela empresa DICAT) conduziu vários operários, cujos crachás foram recusados pelas roletas na portaria, direto para a administração, e os mesmos foram demitidos automaticamente sem sequer os encarregados ficarem sabendo. Os motivos não foram alegados, mas já era medidas para tentar desarticular a greve,

- A policia civil, militar, PF e Abin, infiltrados entre os operários, colhem informações e repassam para a administração das empreiteiras,

- Não é pago o tempo que os trabalhadores gastam no longo percurso para as obras e os ônibus continuam em péssimas condições, falta de vidros e falta de manutenção; a maioria dos veículos são antigos, e os técnicos de segurança são proibidos de fiscalizar os ônibus sob pena de demissão,

- As empresas fazem maquiagem dos locais de trabalho, quando está para ocorrer alguma fiscalização, suspendendo alguns setores do trabalho e realizando limpeza de última hora, até mudam e melhoram o cardápio da comida do refeitório nos dias de presença de pessoas de fora. Também escondem os ônibus mais velhos,

- As empresas estão reduzindo o número de ônibus de Jirau para Porto Velho,

- A Força Nacional continua dentro dos canteiros, fazem rondas com o giroflex ligado e usando também caminhonetes da Camargo. Ficavam ostentando fuzis na hora do embarque dos operários,
- A hora “in itinere”, adicional de periculosidade e adicional de insalubridade só são recebidos pelos operários que entraram na justiça contra as empresas. A Camargo por sua vez suja o nome dos que procuram seus direitos. Por isso alguns operários não conseguem arrumar emprego em outras empresas,

- Muita poeira dentro dos canteiros. Os caminhões pipa que jogam água vivem quebrados,

- Maus tratos, xingamentos, palavrões, gritos, “catracadas” e constantes ameaças de demissão por parte dos chefes e encarregados que tratam os operários como escravos,
- Péssima qualidade da alimentação dos refeitórios, fraca e repetitiva. Todo dia é a mesma coisa, carne de terceira e quinta qualidade. Operários recebem frutas podres (maça e banana). O problema maior da alimentação fraca é para os operários que trabalham na beira do rio onde o calor é mais forte. Estes operários tem uma carga horária de até 12 horas de trabalho,

- Operários que saem de casa (Porto Velho) às 4 da manhã para Jirau, só chegam em casa ás 21 horas. E os que saem às 15 horas chegam às 8 da manhã. Não fazem nenhuma refeição depois do almoço,

- Se o operário faltar 2 dias no mês tem a cesta básica cortada,

- Banheiros químicos na frente de trabalho, em péssimas condições de higiene, sem água e sem papel higiênico,

- Ausência de vestiários e armários individuais nos locais de trabalho na obra da usina de Santo Antônio,

- Existência de painéis elétricos sem proteção, ocasionando riscos de acidentes em caso de contato acidental, e outros painéis elétricos sem identificação dos circuitos; fios elétricos energizados desprotegidos,
- Pontas expostas de vergalhões de ferro, movimentação de materiais pesado sem isolamento dos locais,

- Ausência de proteção coletiva/barreira contra quedas; tábuas podres nos andaimes, falta de proteção de partes móveis de equipamento expondo os trabalhadores a riscos de acidentes ao permitir que coloquem/apoiem mãos e braços dentro do equipamento,

- Trabalho em ambientes com muita umidade e sem as devidas medidas de proteção,

- Trabalho com cabo energizado sem medidas coletivas e individuais de proteção,

- Ameaça de demissão em caso de participação em greve,

- Ausência de creche para os filhos dos trabalhadores e diversas outras irregularidades relacionadas ao meio ambiente e duração do trabalho, etc., etc...

Todo apoio a justa paralisação dos operários das obras das usinas de Jirau e Santo Antônio!

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